Antônio Barreto
Houve um tempo em que a torcida
Dos times de futebol
Se alegrava nos estádios
Nas belas tardes de sol
Sentindo a brisa do vento
E o canto do rouxinol.
Não havia violência
Era um clima de amizade
As famílias reunidas
Gente de toda idade
Embelezando os estádios
Mesmo com a rivalidade.
As bandeirolas enfeitavam
Rua, beco, avenida…
O povo soltava fogos
E rolava até bebida!
Mas a paz era reinante
No coração da torcida.
Gente de todas as classes
Em perfeita comunhão
O estádio era de todos
Sem haver separação
Quando o jogo terminava
Só rolava gozação.
Vencedores e vencidos
Não ficavam estranhados
Saíam juntos pra casa
Até mesmo abraçados
Porém já se foi o tempo
De homens civilizados.
Hoje tudo está mudado
Prevalece a ignorância
O ódio já nos domina
E também a arrogância.
O mundo do torcedor
É o mundo da discordância?
A violência constante
Causa medo ao torcedor
Pois o que era alegria
Transformou-se em terror.
Torcidas organizadas
Desconhecem o que é o amor?
E no mundo virtual
Muito torcedor investe…
Tem até comunidades
Criadas na Internet
Incitando a violência
Onde eles pintam o sete.
Essa turma violenta
De torcida organizada
Precisa ter consciência
E ser mais civilizada.
Que exemplo vai ser dado
Para toda a criançada?
Se a torcida organizada
Criar líder de valor
Gente séria e responsável
Que ouça o nosso clamor:
O clima dos torcedores
Vai ser de paz e amor.
A arma do torcedor
É mesmo a reclamação
Chamar o técnico de burro
O juiz de bom ladrão
Jogador de preguiçoso:
Já é boa solução!
Devemos reconhecer
que a torcida organizada
tem o seu grande valor
quando conscientizada,
mas pra isso é preciso
de gente civilizada.
A torcida organizada
Também pode pressionar
À direção do seu time
Podendo então opinar.
Basta que todos aprendam
O verbo dialogar.
Pode até fiscalizar
Torcedores violentos
Cambistas usurpradores
E também maus elementos
Que visam tirar o brilho
Dos nossos grandes eventos.
Mas partir pra violência
Pontapé, soco, pedrada
Sacar revólver e dar tiro
Invasão, bomba e facada:
Deixa de ser futebol
Pra ser guerra anunciada.
Perda de mando de campo
Jogos com portões fechados
Para punir as equipes
Não gera bons resultados.
Essa punição só deixa
Os times prejudicados.
Manifestação de ódio
De torcedores rivais
Aos poucos tiram do estádio
Aqueles que prezam a paz.
Parece até que os fanáticos
Se transformam em animais!
A arquibancada já
Não é mais lugar seguro
É palco de violência
De torcedor imaturo.
Ali ficarão somente
Os marginais no futuro.
Parece que copiamos
Os hooligans lá da Europa
Sinônimo de violência.
Até nos jogos da Copa:
Assassinos disfarçados
atacando sempre em tropa.
O ódio vai se espalhando
Pelos campos do Brasil.
Os jovens vão aderindo
À violência febril
Aumentando dia a dia
O comportamento hostil.
Logo, logo tem fuzil
Metralhadora, canhão…
Até mesmo a criançada
Vai querer usar facão!
Mas chegado este dia:
Estou debaixo do chão!
Talvez haja solução
E o torcedor melhore
Transformando o vandalismo
Simplesmente em folclore!
Mas é preciso que a Lei
Seja séria e não demore.
A preservação do esporte
É de valor cultural
Desse modo a Justiça
Tem que ser imperial:
Evitando que a alegria
Transforme em guerra campal.
Em BAVI, FLAFLU, GRENAL
Seja o clássico que for
Não importa o resultado
Derrotado ou vencedor…
Não havendo violência:
Lucrará o torcedor.
Tanto faz a Fonte Nova
Pituaçu, Barradão
Morumbi, Parque São Jorge
Maracanã, Mineirão
Orlando Scarpeli, Aflitos
Pacaembu, Castelão,
Rei Pelé, Palestra Itália,
Beira-Rio, Ressacada
Ilha do Retiro, Arruda
Mangueirão, Serra Dourada:
O que importa é união
Com ou sem ‘organizada’!
Brasileiros não se matem
Aproveitem o bom momento.
Recarreguem as energias
Rindo do seu sofrimento!
E deixem de incoerência:
Transformem em benevolência
O seu gênio violento!