J. Victtor
A Terra antigamente,
Muito antes de Pompéia,
Diferenciava muito
Da nossa atual ideia,
Em continentes colados
Denominados Pangéia.
A África e América
Do Sul, aqui no Brasil,
Distanciaram no tempo
Depois que tudo expandiu
Formando nosso planeta;
E a crosta assim dividiu.
A raça humana foi
Do continente africano
Originária primeiro,
Disso ninguém tem engano;
Seu sangue corre nas veias
De qualquer um ser humano.
O europeu na ganância,
Saiu do seu continente
Escravizando os povos,
Se achando inteligente,
Ignorando que os negros
Foram a origem da gente.
Então se estabeleceram
Para futura empreitada,
Conquistando o litoral
Com sua forte armada,
Desbravando matas virgens
Que ia sendo cortada.
Precisavam de mão-de-obra,
Trazendo então prisioneiros;
Da África vieram os
Grandes navios Negreiros
E nas viagens sofridas
Poucos chegaram inteiros.
Com a grande escravatura
E o vil comércio humano,
Condições desrespeitosas
Sob um jugo tirano,
O negro zarpou pras matas
Em bandos a cada ano.
Os escravos brasileiros,
Muitos vindos de Angola,
Sofriam sérios maus-tratos,
Desconheciam escola;
Fugiram para formar
Uma nação quilombola.
Eram quarenta escravos
muito bem amotinados
Num engenho em Porto Calvo,
Onde outros confinados,
Assassinaram feitores
E correram apressados.
Escaparam para a Serra Da Barriga e deixaram
A casa grande queimada;
Quarenta dali zarparam
Dando início aos quilombos,
Onde se multiplicaram.
Já no século XVII,
O quilombo dos Palmares
Tinha organização,
Ruas, engenhos e lares,
Fundindo religiões
Que dividiam altares.
Não tinham somente a caça
Como fonte de alimento;
Dominavam a agricultura,
Todo seu procedimento,
Milho, batata, feijão
E talvez um condimento.
Sem haver segregação,
Acolhiam os oprimidos;
Negro, mestiço ou branco
E todos os foragidos
Aumentavam os quilombos
E ficavam agradecidos.
O roubo e deserção,
Homicídio e adultério,
Eram punidos com o
Ingresso pro cemitério
Do elemento que não
Levasse isto a sério.
Sua comunicação
Fora toda misturada;
Português e Africano
O Índio também falava;
Fundindo então os três
A compreensão se dava.
O quilombo era de
Cidades constituído,
Talvez dez, vinte ou trinta,
Totalmente guarnecido,
Sendo cada cidadão
Guerreiro bem instruído.
Não demorou muito pra
Serem então perseguidos
Por grupos de portugueses,
Com índios fortalecidos;
Mas estes decepcionados,
Voltavam muito abatidos.
Quando chegou nos mocambos
Ganga Zumba unificou
A força dos povoados
E líder ele tornou,
Ganhando poder força
Que bravamente honrou.
Em 1630,
Por causa da invasão
Holandesa em Pernambuco,
Tiveram eles então
Breve alívio, estancando
Aquela perseguição.
Mas logo os holandeses
Os perseguiram nas matas,
Por entre penhascos altos,
Rios e grandes cascatas,
Colecionando insucessos
Que sucederam as bravatas.
Ganga Zumba era forte
E homem muito valente;
Queria negociar
Pois era inteligente,
Mas foi pelos portugueses
Traído covardemente.
Após a morte de Ganga,
A liderança passou
Para o sobrinho Zumbi,
Que logo se destacou
Pelos feitos corajosos
E táticas que usou.
Tinha estratégia de guerra
E grande habilidade,
Se apoderando de armas,
Mostrando agilidade;
Armando os quilombolas
Com muita propriedade.
A cidade Subupira
Era o quartel-general,
Rechaçando os ataques
De forma muito letal,
Deixando impressionada
A Corte de Portugal.
A Coroa portuguesa
Pediu séria providência
Para travar uma guerra
Contra aquela insurgência,
Mas os quilombolas tinham
De guerra muita ciência.
Para dar cabo dos negro,s
Chamaram um bandeirante
Experiente e brutal,
Guerreiro repugnante;
E Domingos Jorge Velho
Era cruel o bastante.
Aquela grande cidade
De trinta mil habitantes,
Macaco, a capital,
O centro dos retirantes,
Lutou então bravamente
Contra aqueles visitantes.
Só no fim daquele século,
Após tanta frustração,
O bandeirante selvagem,
Na sua perseguição,
Saiu-se vitorioso
Com a queda da nação.
Foi em 20 de novembro,
Datado de mil seiscentos
E noventa e cinco que
Caçado por regimentos
Zumbi teve a sua morte
Espalhada pelos ventos.
Após a morte, Zumbi
Teve a cabeça cortada,
Levada para Recife,
Sendo na praça mostrada,
Silenciosa pensando:
"Aqui ninguém vale nada".
Até o século XVIII
Podia encontrar sinal
De quilombolas no centro
Ou mesmo no litoral,
Sobrevivendo de ataques
Ao povoado local.
Os quilombolas deixaram
Para esta grande nação
Uma semente de força,
Também de elucidação,
De valentia e bravura,
Clamando libertação.