Valdir teles & Sebastião da Silva
Meditando os fenômenos da natura O que mais me prendeu entre esses fatos Foi ver nimbos vizinhos distratos A dezoito quilômetros de altura Eu não sei como a água se segura Numa nuvem que vive sem firmeza Misturando quintura com frieza o relâmpago na hora que aparece rasga a tela da nuvem e a agua desse Quanto é grande o poder da natureza.
Neutraliza meu peito palpitante Uma abelha aputar-me pra correr Uma mosca fazer um boi sofrer Um mosquito sangrar um elefante Uma cobra pequena e rastejante Liquidar o leão com sua presa E o amendoim me faz surpresa Floresta e o fruto é na raiz E quem vê isso medita, pensa e diz Quanto é grande o poder da natureza
A lagarta metamorfoseada Em um corpo neutrálico se reserva Em estado de linfa se conserva Se prepara pra outra caminhada Se encanta nos trajes de uma fada Tora a grade do castro onde foi presa Volta ao mundo nos trajes de princesa pra voar como fazem os pirilampos cria asas escorraça enfeita os campos Quanto é grande o poder da natureza
E o peixe na sua formação Tem nas partes climáticas seu costume Quando chove aparece de cardume Dando viva ao autor da criação No estio ele desce pra o porão No inverno ele sobe pra represa Vive assim se mudando sem despesa Sua vida é aquaca e só desova Quando a água é cheirosa, fina e nova Quanto é grande o poder da natureza
E o mar, um gigante montanhoso Se balança, se treme e se refresca Leva e traz a barcaça de quem pesca No soluço do vento carioso É rumão, poeta e perigoso Saciam-te da fome e da pobreza tem seu peixe por fonte de riqueza sai milhões de carrada todo dia quanto mais se pescar mais ele cria Quanto é grande o poder da natureza
Admiro demais o ser humano Que se gera no vento e feminino Envolvido nas dobras do destino Calibrado nas leis do soberano Quando faltam três meses para um ano A mãe pega sentir uma moleza Entre gritos, lamor e esperteza Nasce o filho e aos poucos vai crescendo Quando aprende falar já é dizendo Quanto é grande o poder da natureza