No sertão distante, numa terra perdida,
Vivia um homem com dois filhos na vida,
O mais novo, inquieto, ao pai faz pedido,
"Parta comigo a fazenda", foi o seu sentido.
Reparte o pai então, sem muita demora,
A herança aos dois, sem qualquer escora,
O mais moço, contente, parte sem freio,
Rumo a um lugar longínquo, um sonho alheio.
Desperdiça a riqueza, sem rumo ou medida,
Até que a fome, cruel, lhe traz a vida sofrida,
A um cidadão da terra, humilde e rude,
Vai o moço, pastorear porcos, sem atitude.
Desejava ele a comida dos porcos comer,
Mas até das bolotas tinha que se esconder,
Reflete então, na lama da desventura,
Os dias fartos na casa, sua maior altura.
"Voltarei ao meu pai, em humilde ação,
Confessarei meu erro, minha transgressão,
Não mereço ser filho, apenas servo,
Mas quem sabe, meu pai, seja ainda observo."
Partiu então, na estrada poeirenta,
Coração aflito, alma sedenta,
E o pai, de longe, avista seu regresso,
Emoção contida, num abraço impresso.
"Pai, pequei", diz ele, com voz trêmula e pura,
"Não sou mais digno, de tua ternura",
Mas o pai, com amor, lhe dá a mão,
"Meu filho perdido, agora é meu irmão."
Manda o pai, aos servos, trazerem festa,
A melhor roupa, anel, e a ceia honesta,
Pois seu filho, que estava perdido, agora voltou,
E na alegria do encontro, o amor se mostrou.
Mas o filho mais velho, no campo a labutar,
Ouve música e dança, sem compreender o lugar,
Indignado, questiona o que se passava,
Pois seu irmão, que errara, festa ganhava.
"Sirvo-te há anos", ele argumenta com dor,
"Sempre fiel, sem nunca falhar, Senhor,
Mas quando este, teu filho, vem em desatino,
Recebe festa e afeto, como se fora um menino."
O pai então lhe responde, com amor e clareza,
"Tu sempre estiveste, em casa, com destreza,
Tudo que é meu, também é teu, meu filho amado,
Mas este teu irmão, que estava perdido, foi achado."
Assim termina esta história, de amor e perdão,
Que nos ensina que, na vida, há redenção,
Sejamos como o pai, cheios de compaixão,
Recebendo de braços abertos, o filho em união.