No chão do sertão, onde o sol castiga,
Onde a terra é seca e a vida é briga,
Havia um homem de fé e labuta,
Com uma figueira em sua vinha enxuta.
Era uma figueira, símbolo de vida,
Mas anos se passaram, e nada se cria,
O homem se entristece, busca razão,
Por que tanta espera, sem fruto em sua mão?
Por três longos anos, o homem buscava,
Nas ramas da figueira, fruto que faltava,
Mas a árvore nua, nada produzia,
E o homem cansado, sua mão estendia.
"Eis a parábola", ele assim dizia,
"Uma figueira, que a terra possuía,
Mas sem dar frutos, apenas sombra dava,
Será que é justo, essa terra ocupava?"
"Vinhateiro, escuta", o homem clamava,
"Esta figueira, que nada gerava,
Corta-a da vinha, por ser inútil,
Por que manter o que não tem fim útil?"
O vinhateiro, com calma e jeito,
Responde ao homem, num gesto direito:
"Senhor, espera, deixa-me cuidar,
Um ano apenas, antes de cortar."
"Eu escavarei, darei o meu trato,
Esterco e água, não faltará ato,
Quem sabe a figueira, enfim dará fruto,
E assim permanecerá, sem ser enxuto."
O homem pensou, na proposta feita,
Uma última chance, antes da colheita,
Se a figueira der frutos, permanecerá,
Se não, então cortada será.
E assim se encerra, a parábola antiga,
Que nos ensina sobre fé e lida,
Que mesmo estéril, pode gerar vida,
Se alguém cuidar, com amor e guarida.
Assim como a figueira, que na vinha ficou,
Nós também buscamos, o que nos falta do pão,
Cuidemos do que temos, com fé e ação,
E veremos frutos, brotar do chão.