Vou narrar com devoção,
Em versos de cordel rimado,
A história de um milagre
Que por Jesus foi operado.
Um cego, de nascença,
Pelo Mestre foi curado,
E a luz dos seus olhos,
Foi por Deus revelado.
Passando Jesus um dia,
Viu um homem mendigar,
Cego desde o nascimento,
Na rua a lamentar.
Os discípulos então perguntam,
Com desejo de explicar,
"Quem pecou, ele ou seus pais,
Para tal lhe afligir o azar?"
Respondeu-lhes Jesus Cristo,
Com palavras de saber,
"Nem ele, nem seus pais pecaram,
Mas nele Deus vai fazer
Obras para sua glória,
Para que possam todos ver,
Enquanto é dia, trabalho,
Pois a noite vai nascer.
Enquanto estou no mundo,
Sou a luz que vai brilhar."
Cuspiu Jesus no chão,
E fez lodo a misturar,
Untou os olhos do cego,
Com o barro a aplicar,
"E agora vai ao tanque,
De Siloé, te lavar."
Foi o cego e obedeceu,
No tanque se lavou,
E voltou a ver o mundo,
Que sua vista alcançou.
Os vizinhos, admirados,
Comentavam com ardor,
"Não é este o que mendigava?
Como o milagre se operou?"
Uns diziam: "É ele."
Outros: "Parece com certeza."
Ele, firme, respondia:
"Sou eu, sem a incerteza."
"Como se abriram teus olhos?
Conta-nos com clareza."
"O homem chamado Jesus,
Fez lodo, e com destreza,
Untou-me os olhos fechados,
E mandou-me a Siloé.
Fui, lavei-me e voltei vendo,
Pela fé, só pela fé."
Perguntaram: "Onde está ele?"
Respondeu: "Não sei de pé."
Levaram-no aos fariseus,
Para julgar o que é.
Era sábado sagrado,
Quando o milagre ocorreu,
Os fariseus então o chamam,
Para saber o que se deu.
"Como vistes?" lhe perguntam,
E ele a todos respondeu,
"Pôs-me lodo sobre os olhos,
Lavei-me, e o milagre aconteceu."
Alguns fariseus diziam:
"Este homem não é de Deus,
Pois não guarda o sábado,
E isso é contra os céus."
Outros diziam: "Como pode
Um pecador fazer milagres seus?"
E havia dissensão entre eles,
Sobre os feitos de Jesus, o Nazareno.
Tornaram a interrogar o cego,
"Tu, que dizes dele então?"
"É profeta", respondeu,
Com firme convicção.
Os judeus não acreditavam
No milagre em questão,
Chamaram seus pais, então,
Para mais investigação.
"É este o vosso filho,
Que nasceu na escuridão?
Como agora ele vê,
Qual a explicação?"
Os pais, temendo os judeus,
Responderam com precisão:
"Sabemos que é nosso filho,
E que cego era, sem visão,
Mas como agora vê,
Ou quem o curou assim,
Não sabemos. Perguntem a ele,
Pois já tem idade, enfim."
Eles temiam a expulsão,
Por confessar a Jesus, sim.
Então chamaram o cego de novo,
E falaram, em tom ruim:
"Dá glória a Deus, homem,
Pois sabemos que é pecador,
Esse que te abriu os olhos,
E operou tal esplendor."
O cego, firme e confiante,
Respondeu com grande ardor:
"Se é pecador, não sei,
Mas agora vejo, com fervor.
Uma coisa eu sei bem,
De uma verdade que conto:
Eu era cego, agora vejo,
E isso não há confronto."
Tornaram a perguntar:
"Que te fez ele, e em que ponto?"
Ele respondeu outra vez,
Com firmeza e sem desconto:
"Já vos disse, não me ouvistes?
Querem de novo ouvir?
Acaso quereis ser seus discípulos,
E suas obras seguir?"
Insultaram-no com raiva,
"És discípulo, vais mentir!
Nós somos de Moisés,
E a ele vamos seguir.
Deus falou a Moisés,
Mas não sabemos deste aí."
O cego então respondeu,
Com coragem que se viu:
"Que coisa maravilhosa,
Que vós não sabeis de si,
Mas ele me abriu os olhos,
Um milagre que se viu.
Deus não ouve pecadores,
Mas quem o adora e faz sua vontade,
Desde o princípio não se viu,
Que alguém abrisse de verdade,
Os olhos de um cego de nascença,
Com tão grande claridade.
Se este não fosse de Deus,
Nada faria, com certeza e realidade."
Responderam-lhe com ira,
"Todo em pecados nascido,
E queres nos ensinar?"
E foi logo expelido.
Jesus soube que o expulsaram,
E o cego foi acolhido.
"Crês tu no Filho de Deus?"
Perguntou-lhe, com sentido.
"Quem é ele, Senhor,
Para que eu possa crer?"
Disse-lhe Jesus, então,
"É quem fala com você."
Ele, com fé e alegria,
Prostrou-se para agradecer,
"Creio, Senhor, em Ti,
E vou sempre te obedecer."
Assim termina a história,
Com uma grande lição,
Que nos ensina a crer,
Mesmo em meio à escuridão.
Jesus é a luz do mundo,
E a nossa salvação,
Quem nele crê verá a luz,
E terá a redenção.
Que sigamos seus passos,
Com fé e devoção,
Pois em suas palavras,
Está a nossa libertação.
Que Jesus seja nosso guia,
Em cada passo, em cada ação,
E que possamos viver sempre,
Com amor no coração.