Zé do Brejo, O Caipora - Cordel

Ivaldo Fernandes
revista de cordel Zé do Brejo, O Caipora.



Não há coisa mais pajuta 
de que o caiporismo 
faz o sujeito indeciso 
jogar-se no ostracismo 
e só dar fé da catastrofe 
quando cair no abismo.

Zé do brejo era um incanto 
besta como um arigó
nem tamanho ele não tinha 
um tamborete de forró, 
o povo chamava ele 
matuto de cabrobó.

Mas tinha um caiporismo 
que Virgem Nossa Senhora 
como é que um sujeito 
nasce assim tão caipora 
botava o comer na boca 
o comer cahia fora.

Um dia disse meu pai 
eu vou viajar no mundo. 
só volto pra nossa casa 
quando conhece-lo a fundo. 
é melhor de que eu está 
aqui feito um vagabundo.

O velho disse meu filho. 
aonde é que você vai 
quem botou no teu Juizo 
deixar mamãe e papai 
sair pelo mundo a fora 
sem saber aonde cal.

Quando o pai falou assim 
a mãe respondeu a ele 
deixe ele andar pelo mundo. 
cumprir o destino dele 
dizem que o mundo encina. 
deixe ele aprender com ele.

Zé do brejo já sabia 
que o seu pai consentiu 
tomou a ambos a benção 
dos irmãos se despediu 
fez uma trouxa da roupa 
botou no dedo e saiu.

Dinheiro não tinha um mais 
saiu como cão sem dono 
num tempo que variava 
do verão para o outono 
meio dia resolveu
parar pra dormir um sono.

Fez traveceiro da trouxa 
ali ficou arriado
dormiu de papo pra cima 
que nem cachorro enfadado 
as quatro horas da tarde 
levantou-se atarantado.

Pegou a trouxa dizendo 
até o sono me atrasa 
a cara toda queimada 
os olhos da cor de braza 
em vez de seguir viagem 
voltou pra banda de casa.

Aqui ali ele via
um rastro que nem o seu 
botava o pé e dizia 
juro esse rastro é meu 
depois que chegou em casa 
ai foi que aconteceu.

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