Não há coisa mais pajuta
de que o caiporismo
faz o sujeito indeciso
jogar-se no ostracismo
e só dar fé da catastrofe
quando cair no abismo.
Zé do brejo era um incanto
besta como um arigó
nem tamanho ele não tinha
um tamborete de forró,
o povo chamava ele
matuto de cabrobó.
Mas tinha um caiporismo
que Virgem Nossa Senhora
como é que um sujeito
nasce assim tão caipora
botava o comer na boca
o comer cahia fora.
Um dia disse meu pai
eu vou viajar no mundo.
só volto pra nossa casa
quando conhece-lo a fundo.
é melhor de que eu está
aqui feito um vagabundo.
O velho disse meu filho.
aonde é que você vai
quem botou no teu Juizo
deixar mamãe e papai
sair pelo mundo a fora
sem saber aonde cal.
Quando o pai falou assim
a mãe respondeu a ele
deixe ele andar pelo mundo.
cumprir o destino dele
dizem que o mundo encina.
deixe ele aprender com ele.
Zé do brejo já sabia
que o seu pai consentiu
tomou a ambos a benção
dos irmãos se despediu
fez uma trouxa da roupa
botou no dedo e saiu.
Dinheiro não tinha um mais
saiu como cão sem dono
num tempo que variava
do verão para o outono
meio dia resolveu
parar pra dormir um sono.
Fez traveceiro da trouxa
ali ficou arriado
dormiu de papo pra cima
que nem cachorro enfadado
as quatro horas da tarde
levantou-se atarantado.
Pegou a trouxa dizendo
até o sono me atrasa
a cara toda queimada
os olhos da cor de braza
em vez de seguir viagem
voltou pra banda de casa.
Aqui ali ele via
um rastro que nem o seu
botava o pé e dizia
juro esse rastro é meu
depois que chegou em casa
ai foi que aconteceu.