Vou narrar em cordel
A desgraça que passou
O Rio Grande do Sul
Com o clima que mudou
Enchentes e tempestades
E o povo que se arrasou.
Por mais de uma semana
A chuva não dava trégua
O céu desabou inteiro
E a terra virou brega
Em noventa e três por cento
Dos municípios, que entrega!
A água veio sem dó
Levando tudo de frente
Casas, plantações e vidas
Num sofrimento pungente
E o número de mortos
Já passa de cento e quinze.
Desaparecidos ainda há
Quase novecentos se foi
O povo clama por ajuda
Pois a desgraça é de açoite
E a tristeza é a face
Do estado que não tem noite.
Meteorologistas estudam
O que causou tal tormenta
Três fenômenos uniram forças
E a tragédia não se aguenta
Um cavado, um corredor
E um bloqueio, eis a sentença.
O cavado com seu vento
Fez a chuva se formar
O corredor da Amazônia
Trouxe a umidade a soprar
E o bloqueio atmosférico
Fez a água estancar.
A mudança no clima é real
E esta tragédia mostrou
Que o aquecimento global
Nosso mundo transformou
Eventos extremos agora
São algo que se agravou.
A previsão não é boa
Mais chuva há de cair
O solo já encharcado
Pode mais não resistir
E novos estragos trará
Com a água a consumir.
Repercussão nas redes teve
Uma influenciadora infeliz
Que à religião de matriz africana
A tragédia atribuí
Foi denunciada então
Por intolerância, que diz.
O Ministério Público de Minas
Fez seu papel necessário
Pois intolerância é crime
E o respeito é obrigatório
Às crenças e às culturas
Num mundo tão precário.
Esta tragédia gaúcha
É um sinal a se pensar
Nosso planeta pede socorro
É preciso escutar
Mudanças climáticas são reais
Precisamos já cuidar.
O Rio Grande do Sul chora
Suas perdas sem igual
E a solidariedade é necessária
Num momento tão fatal
Que possamos todos juntos
Reconstruir o que é essencial.
E a vida se faz presente
Na união e na mão estendida
Pois no final, é a gente
Que faz valer a vida
Superando as tragédias
Com esperança erguida.
O aprendizado que fica
É de um alerta constante
Proteger nosso planeta
É um dever importante
Para que futuras gerações
Tenham um mundo vibrante.
Termino meu cordel
Com um pedido de coração
Cuidemos do nosso mundo
Com amor e compaixão
Para que nunca mais tragédias
Sejam nossa maldição.