ALZIRA era uma condessa
filha do conde Aragão
desde muito pequenina
que tinha um bom coração
embora que dos seus pais
não fosse essa criação.
Porque o conde pai dela
só olhava para o ouro
por isso chamava o cofre
o céu do meu anjo louro
dizia que a alma dele
era a honra e o tesouro.
Alzira desde criança
que era compadecida
dava pequeno valor
aos objetos da vida
visitava os hospitais
inda que fosse escondida.
Das iguarias da mesa
ela mandava um quinhão
para dar àqueles pobres
que mais tinham precisão
principalmente os doentes
que não tinham remissão.
Um dia em qu'ela fêz ano
o padrinho presenteou-a
com uma capa de brocado
que muito caro comprou-a
ela achando-a muito linda
com muito gosto guardou a.
Indo a missa de S. Pedro
a primeira vez botou-a
de volta viu uma criança
gelada morrendo à toa
ela pegou a criança
tirou a capa embrulhou-a.
Alzira tinha dez anos
quando este caso se deu
ela pegou a criança
nos seus braços aqueceu
antes de chegar em casa
a criancinha morreu.
Chamou um criado e disse:
conduza este inocente
vá à casa mortuária
faça um enterro decente
pois morreu de fome e sede
nesta praça cruelmente.
Morreu um pobre inocente
em tão grande crueldade
sem encontrar uma mão
de tantas que há na cidade
que a ela se estendesse
com olhos de caridade.
Afinal Alzira era
amparo dos desgraçados
mãe dos órfãos desvalidos
braços e pernas de aleijados
os cegos pobres dali
eram por ela amparados.
Alzira uma noite teve
um sonho muito cruel
sonhou que o pai obrigava
ela à força beber fel
numa vasilha de ouro
dizendo: beba que é mel.
Ela se acordou agitada
se ajoelhou e foi rezar
depois que acabou a súplica
benzeu-se e foi se deitar
da forma que ela sonhou
tornou de novo a sonhar.
Ela por sonho recusava
porém seu pai obrigou-a
dizendo; beba este liquido
que é uma bebida boa
ou bebe a liquido do vaso
ou então amaldiçoou-a.
Ela pegava a taça
e bebia todo fel
com a amargura do liquido
sofria uma dor cruel
depois um anjo chegava
dava-lhe um cálice de mel.