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Os Martírios de Genoveva - cordel

revista de cordel os martírios de Genoveva

A nobre publicidade 
levo respeitosamente
um caso que sucedeu
na Europa antigamente
o qual não foi esperado
fez comover muita gente.

Nesta historia se vê
a virtude progredir
a verdade triunfar
o mal se submergir
a honra salientar-se
a falsidade cair.

Neste tempo n'Alemanha
a luz do cristianismo
tinha melhorado tudo
não tinha mais despotismo
já tinha se despistado
as trevas do paganismo.

Logo que chegou a luz
da santa religião
novas leis novos costumes
tomaram força e ação
os homens se industriaram
todo teve aumentação.

Foi nesses remotos tempos
que um certo duque casado 
residia na Alemanha 
homem muito respeitado 
liberal, justo e honesto 
de todos admirado.

Fazia justiça reta 
remia a necessidade 
a mulher era uma fonte 
de ternura e caridade 
amava um ao outro 
como Deus ama a verdade.

Dessa união conjugal 
uma criança nasceu 
chamava-se Genoveva 
forçosamente cresceu
os costumes de seus pais. 
divinamente aprendeu.

Genoveva era dotada 
de inteligencia e engenho 
nas feições dela se lia 
o mais perfeita desenho 
a natureza em orná-la 
se esmerou e fez empenho.

Além dessas qualidades 
em tudo era preciosa 
modesta e trabalhadora 
cortês e religiosa 
graças a educação 
de sua mãe extremosa.

Quando estava em orações 
ajoelhada entre os pais 
parecia ser um anjo 
das regiões divinais
que tinha baixado a terra 
para exemplo dos mortais.

Toda vestida de branco 
com seus cabelos dourados 
solto em cima dos ombros 
e os olhos levantados. 
para o céu pedindo a Deus 
para bem dos atribulados.

Ao travesseiro dos doentes 
era um anjo tutelar 
divino consolador
dos pobres desse lugar 
quem a visse estando triste, 
tinha de se consolar.

Assim passou Genoveva 
toda sua juventude 
adorada de seus pais 
gozando muita saúde 
era o exemplo das filhas 
na honradez e virtude.

O duque seu pai que era 
um cavalheiro honrado 
entrou em uma batalha 
para qual foi convidado. 
em beneficio da pátria 
naquele tempo passado.

Enfrentou um cavaleiro 
entraram em uma contenda 
já lá o duque morrendo 
que a luta tornou-se horrenda 
neste interim ouviu dizer: 
permita que o defenda.

Era o conde Sigifroi 
cavaleiro rija e forte 
vendo que o conde morria 
se condoeu de tal sorte 
que venceu o inimigo
e salvou o duque da morte.

O duque vendo esta ação 
deu-lhe o agradecimento 
dizendo: devo-lhe a vida; 
e para mais merecimento 
convidou-o em sua casa 
e deu lhe a filha em casamento

O duque disse exclamando: 
al minha filha querida 
tu és o anjo do lar 
jamais será esquecida 
sereis esposa fiel
de quem salvou minha vida?

Ela olhou para o conde 
e disse: somos iguais
se meus pais assim desejam 
por mim nada direi mais 
só sinto me separar
dos meus extremosos pais.

Depois dos jovens casados
trataram então da partida 
as lágrimas sentimentais 
ali não tinham medida 
todos da localidade 
assistiram a despedida

O duque abraçou a filha 
chorando lhe disse: adeus 
leva estes meus soluços 
em companhia dos teus 
e deixa teus sentimentos 
para acrescentarem os meus.

Eu e tua mãe, já estamos 
avançados na idade 
talvez não teremos mais 
prazer e felicidade
de te ver no lar, querida 
sem a menor novidade.

Mas Deus te acompanhará 
em toda tua existência 
ama a Deus, confia nele 
com fé e obediência 
nunca faças cousa alguma 
que te manche a consciência.

A sua mãe terna veio 
por sua vez abraçá-la 
os soluços maternais 
estavam lhe privando a fala 
a ponto de não ter forças 
p'ra também recomendá-la.

Por fim se animou e disse: 
-adeus, minha filha adorada 
consolo das minhas mágoas
nesta vida amargurada 
não sei qual a tua sorte 
longe de mim, separada!.

Tenho maus pressentimentos 
dentro do meu coração 
que um dia chorarás 
sem teres consolação 
Deus queira que seja 
falsa a minha imaginação.

Vai com Deus que te defenda 
das tentações infernais 
ama a Deus e a virtude 
segue as lições dos teus pais 
adeus até noutra vida 
se nesta não te ver mais.

-Caro genro, disse o duque 
atenda a santa união
a minha filha é digna 
de si por justa razão 
seja esposo, pai e mãe 
de quem deu-lhe o coração.

O genro assim prometeu 
e da mesma maneira fez 
se ajoelhou mais Genoveva 
provou que era cortes 
e receberam as bençãos 
ambos de uma só vez.

Nisso foi entrando o bispo 
que fez o seu casamento 
e disse; não chores princesa 
tenha mais contentamento 
que a sua felicidade
está toda em seu pensamento.

Deus reservou para si 
imensa prosperidade
mais não como muitos pensam 
Deus é quem sabe a verdade 
que as Lagrimas renderão graças 
por essas felicidade.

Predizendo estas palavras 
com arrogância e energia 
fez todos os assistentes 
vacilarem o que seria 
nelas tinha um tal mistério 
que não se compreendia.

O conde sem mais detença 
montou a jovem querida 
Genoveva tremula e pálida 
como quem perdeu a vida 
seguiu com seus cavalheiros 
foi dolorosa a partida.

Seguiu para seu castelo 
nas margens do rio Reno 
se o castelo era bem feito 
mas invejava o terreno 
todo mundo lhe esperava 
do grande até o pequeno.

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