História das Sete Cidades da Serra da Ibiapaba-Ce

Ivaldo Fernandes
revista de cordel História das Sete Cidades da Serra da Ibiapaba-Ce


Apolônio Alves dos Santos

A poesia adverte
Ao meio estudantil
Falando sobre um Estado
Que há em nosso Brasil
A terra de Iracema
Belo torrão varonil.

É sobre o Ceará
Que dou esta explanação
Suas terras, seus encantos
E sua vegetação
Seus pontos mais pitorescos
De grande admiração.

Eu já tenho escrito várias
Histórias interessantes
Com esta quero atingir
Os pontos mais importantes
O que outros escritores
Nunca escreveram antes.

Porém esta trajetória
Um instante eu vou mudar
Seguindo em outro roteiro
Quem vai mais interessar
A muitos estudiosos
Que gostam de pesquisar.

Na história brasileira
Minha ideia penetrou
Portanto quero versar
O que outro não versou
Uma história que a história
Do Brasil pouco contou.

Antes da vinda de Cristo
Há mil cento e tantos anos
A Tróia fora invadida
Pelos gregos desumanos
Deixando subjugado
Todos os poderes troianos.

E depois disso dez anos
Começou a emigração
Em todas terras de Tróia
Gente de outra nação
Foram os cários comandados
Por outra rebelião.

E em todo território
Pelos gregos comandados
Serviu para os povos cários
Que vinham desnorteados
Com todos seus descendentes
Ficaram aí situados.

Então os filhos de Tróia
Que se acharam vencidos
Em combates com os gregos
Ficaram então destruídos
Sem terra despatriados
Da sorte desprotegidos.

Logo o chefe dos fenícios
Tomou uma decisão
Reuniu todo seu povo
Formando grande esquadrão
E seguiu de mar a dentro
Numa grande expedição.

Há mil cem anos então
Antes de Cristo, chegou
Aquela frota fenícia
Em uma costa ancorou
No nordeste do Brasil
Um porto ali fundou.

Ali entre dois Estados
Ceará e Maranhão
Os fenícios que vieram
Na citada expedição
Fizeram ali de Tutóia
Sua grande fundação.

É o porto de Tutóia
Na Capital São Luiz
Estado do Maranhão
Que aquele povo quis
Lembrando Tróia a cidade
E seu passado infeliz.

Antes da vinda de Cristo
A mil e cinquenta anos
Nas margens do Parnaíba
Houve ali muitos planos
Dos bons colonizadores
Com seus ideais humanos.

E naquela mesma época
Os colonos ancestrais
Nas margens do Parnaíba
Plantavam seus cereais
Aproveitando os baixios
Até chegar em Goiás.

De toda Ibiapaba
Foram cultivando a serra
Pela subida do rio
Parnaíba, que encerra
As tribos dos Tabajaras
Se apossaram da terra.

Fundou-se ali uma sede
Pelo comando geral
Da tribo dos tabajaras
E a província atual
Chama-se Sete Cidades
Ou parque Nacional.

Também tem sete cidades
No vale do grande rio
Chamado de Acaraú
O qual no tempo de estio
A sua margem oferece
Um majestoso plantio.

As suas belas cidades
São: Massapé e Sobral
Santana do Acaraú
Morrinhos que é legal
Marcos e a Bela Cruz
E Acaraú afinal.

Os chefes das grandes tribos
Fizeram muito gentis
Dali das Sete Cidades
Com seus terrenos férteis
Uma sede sobre ordem
Do congresso dos Tupis.

Tupi era o nome dado
Por todos com grande afã
Que veneravam o poder
Do supremo Deus Tupã
A religião pregada
Por aquela fé cristã.

Pelos Sacerdotes Cários
Que vieram ao Brasil
Juntamente aos Fenícios
Na mesma época de mil
Antes da vinda de Cristo
Pela base estudantil.

Foram catequizadores
Com ordem benevolente
Da mesma ordem dos três
Reis Magos do Oriente
Que adoraram em Belém
A Jesus Onipotente.

Nesse tempo o rei Hirã
De Tiro, fez aliança
Com rei Davi da Judéia
Visando uma esperança
De explorar a Amazônia
Brasileira, com pujança.

Isto há mil e oito anos
Antes de Cristo chegar
O rei Davi da Judéia
Concordou se aliar
Com o rei Hirã de Tiro
Afim de compartilhar.

Com pouco tempo depois
Daquela combinação
Faleceu o rei Davi
Mas deixando a sucessão
A seu filho ainda jovem
Chamado Salomão.

Então o rei Salomão
Depois que foi proclamado
Com o rei Hirã de Tiro
Continuou aliado
Para explorarem a Amazônia
Conforme foi combinado.

A um grande rio deram
O nome de Solimões
Em homenagem ao vulto
Querido das mulheres
Salomão o grande rei
Que ditou boas ações.

E a cidade de Tiro
Foi destruída depois
Há anos antes de Cristo
Trezentos e trinta e dois
Por rei Alexandre Magno
Com outra ordem se opôs.

E durante setecentos
E sessenta e nove anos
Continuou relações
Marítimas, com vários planos
E transações comerciais
Com ideais soberanos.

A Fenícia atual Síria
Com bases fundamentais
Tratava com o Brasil
Contatos comerciais
E descobrindo das terras
As riquezas colossais.

Com quatro anos após
Foi a grande expedição
Do rei Alexandre Magno
Na sua peregrinação
Para a América do Sul
Com heroísmo e brasão.

Depois da era de Cristo
Chegou uma grande frota
Trazendo Fernando Telles
Esse nobre patriota
Onde os fenícios e Cabral
Usaram a mesma rota.

Então o Fernando Telles
Veio a serviço real
Usando as calmarias
Pois o rei de Portugal
Pesquisou todo roteiro
Antes de enviar Cabral.

Foi em mil e quatrocentos
E setenta e três, realmente
Que chegaram a terra excelente
E a sede do comando
Instalaram certamente.

Fundou-se as sete cidades
Da serra de Ibiapaba
Viçosa e depois Tianguá
Que se eleva até a aba
Pois as suas tradições
Nem seu progresso se acaba.

É a terceira cidade
Chamada de Ubajara
Na serra do mesmo nome
Tem sua beleza rara
A quarta é São Benedito
Cidade formosa e cara.

A quinta é Ibiapina
A sexta é Guaraciaba
A sétima é Frecheirinha
Onde dá muita mangaba
São estas sete cidades
Da serra de Ibiapaba.

A Gruta do Ubajara
E o Parque Nacional
É uma lembrança eterna
Um símbolo memorial
Quando os fenícios e os cários
Chegaram aqui afinal.

E Pedro Álvares Cabral
Segundo os ensinamentos
Chegou em Porto Seguro
No ano de 1500
O Brasil inda não tinha
Progresso, nem andamentos.

Só índios bravos selvagens
Comandavam as regiões
As qualidades dos mesmos
Eram de cinco milhões
Divididos em várias tribos
Quase trezentas nações.

As principais tribos eram
Tabajaras, Potiguares
Onde as terras inda não eram
Divididas em hectares
Eram todas devolutas
Sem terem donos nem lares.

A terceira raça era
A tribo dos Cariris
Os descendentes dos Cários
E a tribo dos Tupis
Que chamavam a Deus Tupã
Igualmente os Guaranis.

No sudeste do país
Ocupavam as grandes serras
Longe da orla marítima
Viviam naquelas terras
E contra a civilidade
Sempre promoviam guerras.

A região dos Tupis
No sul de Itaparica
No delta do Parnaíba
Terra fértil e muito rica
Abundante em cajueiros
Carnaúba e oiticica.

O grande Fernando Telles
Era um governador
Possuía grande frota
Ao seu inteiro dispor
Eram oito caravelas
Cada qual de mais valor.

Então o Fernando Telles
Com sua intuição
Requereu de El-Rei
Uma certa doação
Pra d’uma ilha distante
Fazer sua exploração.

Instruiu a petição
Com minucioso mapa
Daquelas sete cidades
Que naquela mesma etapa
Visitou pessoalmente
Conforme ver-se na capa.

Entrou também na história
O Joaquim Coriolano
Junto a José Luiz Alves
Se empenharam sem engano
E Bruno Alvas da Costa
Todos pensavam um só plano.

Estes se encarregaram
Em fazer demarcações
Das partes mais importantes
Que faziam ligações
E o rio Acaraú
Ficou sendo as divisões.

Entre os grandes Estados
Ceará e Maranhão
No vale do Parnaíba
Aonde viviam então
Os tupis e potiguares
Ocupando a região.

Grande várzea em extensão
Até o rio Acaraú
Ao leste do Estado
Lá viviam o índio nu
Colhendo frutas indígenas
Pequi, mangaba e umbu.

Então quando viajou
Pedro Álvares Cabral
Já vinha orientado
Pelo rei de Portugal
Para usar as calmarias
Pela costa ocidental.

Assim em duas etapas
Foi descoberto o Brasil
Primeiro Fernando Telles
Navegador varonil
Segundo Pedro Cabral
Nos trouxe prazeres mil.

Primeiro Fernando Telles
Afirmamos com certeza
Achou as sete cidades
N’uma terra de grandeza
Que foi mantido em segredo
Pela corte portuguesa.

O grande rio Parnaíba
Nascia duma lagoa
Chamada Upá-Açu
Duma água fina e boa
Aonde o povo habitante
Navegava de canoa.

Hoje é o grande açude
Por nome de Sobradinho
Cujo açude é uma fonte
Para o povo vizinho
Abundante e favorável
Para quem mora pertinho.

O Jaguaribe e Piranha
Da mesma também nasciam
E na mesma vice-versa
Diversos rios caíam
Formando uma delta gigante
Rios entravam e saíam.

O rio Acaraú
Nasce de uma catarata
Numa grandiosa serra
Sua água é cor de prata
De um lago subterrâneo
No centro da grande mata.

Assim ficou na história
Como marco oficial
Nosso Brasil descoberto
Por Pedro Álvares Cabral
Em abril de 1500
Data histórica universal.

Mas afirma Schwennhagen
Que a história real
Vem do arquivo exclusivo
Do Tombo de Portugal
Na repartição das ilhas
É esta a prova legal.

E em mil e novecentos
E vinte e dois com razão
No dia do centenário
Houve a comemoração
Do Brasil independente
Ficando livre a nação.

Na Serra Ibiapaba
No nordeste do Estado
Junto a cidade Morrinhos
Um estrangeiro chamado
Afonso Estreito, ficou
Ali naturalizado.

Devemos grande homenagem
A esse nobre senhor
Que foi oficialmente
O primeiro agricultor
Da nossa terra Brasil
Como colonizador.

Pois foi ali no estreito
Sobre as encostas do rio
Chamado de Mucuripe
Onde seu clima é sadio
Que se fundou a província
Terra do índio bravio.

Na serra de Ibiapaba
Houve como integração
Apoio daquele chefes
Donos dessa região
Igual Jerônimo Albuquerque
Governo do Maranhão.

E em mil setecentos
E dezoito, Ibiapaba
Conhece oficialmente
O chefe daquela taba
O governador dos índios
O grande Morubixaba.

Nessa época os Potiguares
Com objetivo pleno
Em nome do povoado
Que fundaram em seu terreno
Prestaram ajuda ao guerreiro
Martim Soares Moreno.

Para evitar desembarque
Dos inimigos franceses
Nosso nobre Afonso Estreito
Instrutor dos camponeses
Em vigilância aguardava
Invasão dos holandeses.

Ao mesmo tempo esperava
Sem temer nenhum perigo
O grande Fernando Ulmo
Seu velho sócio e amigo
Genro de Fernando Telles
E seu sucessor antigo.

Entre as afirmações
Deste trabalho tão fino
Dolorido assinado
Pelo herói nordestino
Francisco Onofre da Ponte
Que compõe seu belo hino.

Maestro, arranjador, compositor
E artista internacionalmente conhecido
Folclorista, professor
Da nossa música popular, nacionalista.

Este é filho natural
Da cidade de Morrinhos
Estado do Ceará
Onde seus pais com carinhos
O ensinaram a trilhar
Os mais brilhantes caminhos.

Belas terras cearenses
Que ilustra o meu poema
Onde só se conhecia
O amargo da jurema
E as florestas selvagens
Do índio e da tangapema.

Pois em mil e novecentos
E cinquenta e oito nasceu
A cidade de Morrinhos
Com todo prestígio seu
Depois que o desbravador
Daquela prole morreu.

Por isso pode chamar-se
Uma cidade menina
Com as glórias primitivas
Que a tradição determina
Permitindo a sua planta
Na região nordestina.

Antigamente era um sítio
Abrigo dos camponeses
Para colonizadores
Fenícios e portugueses
Onde hoje é terra culta
Para criação de rezes.

Mostramos também o hino
Com letra e música gran-fina
Do maestro filho nato
Da região nordestina
Onofre homenageado
Sua cidade menina.

Aqui prezados leitores
Acabo de descrever
Levando este romance
Verá que tem mais prazer
Estes que moram em Morrinhos
Sabendo bem se haver.

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