Morava na Parahyba
Lá nos confins do agreste
Um homem de pouca idade
Que tinha saber por peste
A ponto até de querer
Veacer o plano celeste.
Descrevo d'elle um tratado
De um mysterio profundos
Que se for apparecido
Tem de ficar sem segundo,
E' a tal machina inventada
P'ra fazer rodar o mundo.
Esse homem inventone
Certa machina preparar,
Por meio de electricidade
Fazer o mundo rodar,
De accordo com a atmosphera
Derramando a agua do mar.
Chamava-se Manoel
Galope, Nome que adquerio
Devido uma vantagem
Que o povo lhe atribuio
E por ser muito andador,
-Pois ao vento competio.
Dizem que ainda menino,
Por duas vezes tentou
Pelo espaço sahir voando,
Ainda esperimentou,
Por meio de asas suppostas;
Porem não continuou...
Vendo que era impossivel
Ao céo poder subir
Ficou com a pretenção
De tudo o mais descobrir
Começou andar no mundo
E até à ladrões perseguir.
Não houve logar esquezito
Que eile não percorresse
Nem cousa mysteriosa
Que elle a não vencesse;
Nem sciencia nem idéia
Que elle não conhecesse.
Aos 20 annos de edade
Teve um sonho desmaziado,
Para perseguir ladrões,
Por um caminho desusado,
Conseguio a tal viagem
E nisto ficou firmado.
No sonho entrou pelo matto
E uma serra encontrou
Ali vio a grande furna
Por onde o ladrão entrou
Seguiu pelo rasto d'elle
25 annos andou.
Chegou no final da terra
Da qual os segredos vio,
Deu com um certo logar
E ao tal se derigio;
E aqui o eixo da terra
Foi o que elle attribuio.
Verificou bem o eixo
Aonde estava sentado,
Tirou de tudo o dezenho
Com toda calma e cuidado
Discrevendo o machinismo
Fez de tudo o apanhado.
Voltando para o agreste
Aletteu-se na construcção
De uma machina igual
Aquella que vio então
Quando no centro da terra
Fizera sua excurção.
No sonho elle ainda vio
Na bola do mundo inteiro
Padre, estudante, doutor
Lhe offerecendo dinheiro
Depois diziam a elle:
-Vamos com isto ligeiro.-