Nas margens do rio, onde o sol se põe,
Morava a Cuca, bruxa feiticeira,
Com olhos que brilham como sóis ao léu,
E cabeça de réptil, assustadora e altaneira.
Conta a lenda que ela veio das terras lusitanas,
Com os ventos do mar, nas ondas revoltas,
Cruzou mares e mares, em noites insanas,
Até chegar às terras brasileiras, tão soltas.
Cuca, a senhora das sombras e do breu,
Com riso sinistro e olhar penetrante,
Cujos passos na noite fazem tremer o céu,
E na mente dos pequenos, o medo constante.
Dizem que ela espreita nos rios e lagoas,
À espera de crianças travessas e sem juízo,
Que teimam em desafiar as regras e as toas,
E a Cuca, sorrateira, leva-as para o seu feitiço.
Nas noites de lua cheia, seu rugido ecoa,
Pelos campos e matas, assombrando a escuridão,
E os pequenos na cama, tremendo à toa,
Pedem proteção contra a terrível maldição.
Mas a Cuca, ao contrário do que se diz,
Não é só terror e sombra na calada da noite,
Pois nas canções de ninar, ela também se fez,
Uma figura maternal, que acalma e açoite.
Com suas rimas e cantigas, ela embala o sono,
Dos pequenos que choram e pedem guarida,
E nas asas da Cuca, num doce abandono,
Eles encontram o repouso, a paz prometida.
Assim, a Cuca é mais que uma lenda assustadora,
É também uma guardiã dos sonhos e da fantasia,
Que embala as noites com sua magia sedutora,
E nos faz temer, mas também sorrir com alegria.
Portanto, crianças, não temam a Cuca da noite escura,
Pois ela é apenas uma parte do nosso folclore,
Que nos ensina a respeitar as regras da ternura,
E a encontrar na imaginação, um eterno tesouro.