As 4 órfãs de Portugal - versos de cordel

Ivaldo Fernandes
revista de cordel As 4 órfãs de Portugal


No outro dia Vitalina 
estava no necrotério 
mais levou palma e capela 
para o chão do cemitério 
no símbolo da virgindade 
de moça que tem critério.

As moças ficaram só
por causa do acabamento 
ninguém lhes dava costuras 
para ganharem o sustento 
começaram a passar fome 
com pena e sofrimento.

Quando as moças não tinham 
mais nada para vender 
eram três meças donzelas 
que não tinham o que comer 
sem lamentarem a sorte 
jejuavam sem querer. 

Lutando assim pela vida 
com tanta dificuldade 
perseguida pelos os homens 
mas guardando a virgindade 
quem sofre com paciência 
Deus manda felicidade.

A fome já era tanta 
que as moças Padeciam 
que botavam sal na agua 
por alimento bebiam
e os homens sem caridade 
a elas não protegiam

Maria uma das moças 
disse ainda não e assim 
se hei de morrer de fome 
aqui mesmo levar fim 
vou procurar pelo mundo. 
quem tome conta de mim.

As outras duas pediram. 
maninha não vá embora 
vamos esperar mais tempo 
ninguém sai daqui agora 
ate chegar o socorro
de Deus ou nossa Senhora.

Maria disse Manas
eu já estou resolvida
vou ver se encontro 1 homem 
que me de roupa e comida 
hoje a noite eu vou embora 
que não sou esmorecida.

Maria arrumou a roupa 
e deixou anoitecer
o pedido das irmãs
em nada quis atender 
se despediu com a noite 
dizendo: vou me vender.

A noite está muito escura 
porem a moça seguia 
no oitão de uma igreja 
um vulto lhe aparecia 
o vulto era um padre 
pegou na mão de Maria.

O padre disse: filhinha 
esta hora onde vais? 
o que é que tu procura 
que daqui não passas mais 
volta que tuas irmãs 
ficaram chorando atrás.

Padre porque sou pobre 
uma órfã desvalida 
abandonei minhas irmãs 
para salvar minha vida 
eu vou procurar um homem 
que me dê roupa e comida.

Porquanto a minha pobreza 
faz vergonha eu lhe contar 
todo dia em nossa casa 
não tem que se almoçar 
há tempo que eu não janto 
eu vou dormir sem ceiar.

O padre disse: filhinha 
tu precisas de carridade. 
então me diz-se conheces 
na alta sociedade
qual e o homem solteiro 
mais rico desta cidade.

Tem o coronel Paulino 
que é um moço solteiro 
negociante na praça 
capitalista e banqueiro 
o governo deve a ele 
grande soma de dinheiro.


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