Novecentos e vinte dois,
O ano do Centenário
Da nossa Independência
Do antigo donatário
Reino de Portugal
De quem fomos tributário.
A coisa mais impossível
Que nunca se julgou ver
Neste ano do Centenário
Teve de acontecer:
-Dois sábios de Portugal
Nos venheram conhecer!
Dois grandes aviadores
Vierain pelo espaço
Voando de Portugal
Em um hydroplano de aço,
Atravessando céu e mar
Sem o menor embaraço.
E' a historia dessa viagem
Que agora vou contar,
Desde que elles sahiram
Até no Brasil chegar..
Contarei todo o occorrido
No espaço terra e mar.
Porem vou tratar primeiro
Da dita historia récente
Da grande invenção da machina,
Na qual jogou muita gente;
Da volta de Manoel Galope
A todos faço sciente.
Lêiam com toda atenção
Do principio até ao fim;
Onde navega a verdade
Triumpha o verde jardim,
Porem andando a mentira
So mostra o que é ruim.
Elle levou o dinheiro
Dos bilhetes que vendeu,
Subiu para o infinito,
Atè hoje não desceu,
Adeante trato a noticia
Que a pouco appareceu..
Era immenso o alvoroço
Quando a principio chegava
Noticia de Manoel Galope,
O povo se alvoroçava
E com a maior alegria
Todo mundo o esperava.
Com o fogo da animação.
Deram diversos banquetes,
Fizeram bem mil discursos
Em diversos gabinetes,
Soltaram mais de mil duzias
De fuguetões e fuguetes...
Nos foguetões tinha um fogo
Da flexa muito comprida;"
De 3 para 4 metros
Tinha a flexa na medida,
Com 5 kilos na bomba
Para a festa promettida.
Creio que este foguete
Ainda não o queimaram
Porque a festa da machina
Ainda não realizaram.
Para o dia da victoria
O tal foguete guardaram.
Na festa dos telegrammas
Que fizeram no logar
Prometteram ao vigario"
De logo o crucificar
Porque na mentira dellés
Não queria acreditar.
Prometteram ao poéta,
A cabeça the raspar,
Preso em um quarto escuro
E depois o enforcar,
Queimar, pegar a cinza
E sacudir dentro do mar.