A Força do Amor - Versos de Cordel

Ivaldo Fernandes
revista de cordel A Força do Amor


NESTES versos eu descrevo 
a força que o amor tem 
que ninguém pode dizer 
que não há de querer bem 
o amor é como a morte 
que não separa ninguém.

Marina era uma moça 
muito rica e educada 
o pai dela era um barão 
duma familia ilustrada 
mas ela amou a Alonso 
que não possuía nada.

Ambos nasceram num sitio- 
num dia, na mesma tarde; 
pegaram logo a se amar 
com nove anos de idade 
se todos dois fossem ricos 
era um casal de igualdade.

Alonso era enjeitado 
sem ter de família o nome 
criado por um ferreiro 
trapilho, passando fome 
pois quem é criado assim 
todos os dias não come

Pelas mercês de Marina 
Alonso pôde estudar 
Marina não tinha mãe 
se sujeitava a tirar 
do dinheiro do barão 
para Alonso sustentar.

Estava com 20 anos 
dispôs-se um dia Marina 
disse a Alonso: me peça 
veja o que a sorte destina 
é bom que se saiba logo 
meu pai o que determina.

-Amanhã pelas 10 horas 
você vá ao barão
chegue lá declare a ele 
que pretende a minha mão 
conforme o que ele disser 
eu tomo resolução.

-Se não faltar-lhe a coragem 
havemos de conseguir 
meu pai não é raio elétrico 
que nos possa consumir 
ou faz o que nós queremos 
ou então ver eu sair.

Alonso ai respondeu: 
não obsta ser um barão 
titulo comprado não pode 
comprar a um coração 
ele é mortal como eu 
um de nós perde a ação.

-Ele pode deserdá-la
 tomar tudo que for seu
 casar-me com moça rica
 não é interesse meu
amo-a mais que minha vida
 escravo do amor sou eu.

No outro dia às dez horas 
Alonso foi ao barão 
chegou com toda coragem 
fez-lhe a declaração 
que amava a filha dele 
pretendia dela a mão.

Exclamou logo o barão: 
és assim tão atrevido? 
não respeitas mais a mim? 
aonde estás tu metido? 
então eu tenho uma filha 
para dar a um bandido?!

Disse Alonso: senhor barão 
não obsta eu ser um pobre 
sua filha é potentada 
me ama sem eu ser nobre 
amor não olha riqueza 
inda que a pobreza dobre.

O barão chamou 3 praças 
deram-lhe voz de prisão 
arrastaram o pobre Alonso 
como se fosse ele um cão 
ou se fosse um insolente 
um criminoso ou ladrão

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