NESTES versos eu descrevo
a força que o amor tem
que ninguém pode dizer
que não há de querer bem
o amor é como a morte
que não separa ninguém.
Marina era uma moça
muito rica e educada
o pai dela era um barão
duma familia ilustrada
mas ela amou a Alonso
que não possuía nada.
Ambos nasceram num sitio-
num dia, na mesma tarde;
pegaram logo a se amar
com nove anos de idade
se todos dois fossem ricos
era um casal de igualdade.
Alonso era enjeitado
sem ter de família o nome
criado por um ferreiro
trapilho, passando fome
pois quem é criado assim
todos os dias não come
Pelas mercês de Marina
Alonso pôde estudar
Marina não tinha mãe
se sujeitava a tirar
do dinheiro do barão
para Alonso sustentar.
Estava com 20 anos
dispôs-se um dia Marina
disse a Alonso: me peça
veja o que a sorte destina
é bom que se saiba logo
meu pai o que determina.
-Amanhã pelas 10 horas
você vá ao barão
chegue lá declare a ele
que pretende a minha mão
conforme o que ele disser
eu tomo resolução.
-Se não faltar-lhe a coragem
havemos de conseguir
meu pai não é raio elétrico
que nos possa consumir
ou faz o que nós queremos
ou então ver eu sair.
Alonso ai respondeu:
não obsta ser um barão
titulo comprado não pode
comprar a um coração
ele é mortal como eu
um de nós perde a ação.
-Ele pode deserdá-la
tomar tudo que for seu
casar-me com moça rica
não é interesse meu
amo-a mais que minha vida
escravo do amor sou eu.
No outro dia às dez horas
Alonso foi ao barão
chegou com toda coragem
fez-lhe a declaração
que amava a filha dele
pretendia dela a mão.
Exclamou logo o barão:
és assim tão atrevido?
não respeitas mais a mim?
aonde estás tu metido?
então eu tenho uma filha
para dar a um bandido?!
Disse Alonso: senhor barão
não obsta eu ser um pobre
sua filha é potentada
me ama sem eu ser nobre
amor não olha riqueza
inda que a pobreza dobre.
O barão chamou 3 praças
deram-lhe voz de prisão
arrastaram o pobre Alonso
como se fosse ele um cão
ou se fosse um insolente
um criminoso ou ladrão