Manoel Monteiro
Meu Senhor! Minha Senhora!
Meu amigo! Minha amiga!
Sentem ao meu lado, escutem
Uma historieta antiga
Cheia de belas imagens
Quem tem como personagens
A CIGARRA e a FORMIGA
A CIGARRA é um inseto
De vozinha estridular
Tenha sol brilhando alegre
Ou chuva a se derramar,
Seja primavera ou seja,
Outono a CIGARRA adeja
Estridulante a cantar.
CIGARRA canta no inverno
Quando a chuva cai mansinha
Canta ao romper da aurora
E quando a tarde definha,
Com CIGARRA não tem choro
Canta se está de namoro
E canta se está sozinha.
CIGARRA não se incomoda
Com trabalho ou com estudo
Mesmo quando o verão bravo
Olha pra terra sisudo,
Esteja bom ou ruim
A CIGARRA vive assim
Canta a despeito de tudo
CIGARRA vive de brisa,
Come folha e bebe orvalho,
Basta-lhe ter por morada
O aconchego dum galho,
Quem quiser que vá fazer,
Não sabe e nem quer saber
Para que serve o trabalho.
CIGARRA canta e, cantando,
Deixa a vida caminhar
Foi assim que uma delas
Estava alegre a cantar
Quando uma formiguinha
Conduzindo uma folhinha
Parou para a saudar.
Boa tarde, cigarrinha,
Como é que a senhora vai?
Vou muito bem, obrigada!
Mas, não me interrompa agora,
Não vê que estou a cantar?
Desculpe, vou trabalhar,
Até mais, já vou embora.
A formiguinha tomou
Da folha verde e pesada
E saiu resfolegando,
Esbaforida e cansada
Mas teria a recompensa
De fartura na dispensa
Pra boca da filharada.
Enquanto a CIGARRA leva
A vida num festival
Pensando que todo dia
É dia de carnaval
A FORMIGA não se empalha
Economiza e trabalha
O que é pra ela normal.
FORMIGA acorda cedinho
Pra começar no batente
Via numa fila indiana
Uma atrás outra na frente,
Onde tem comida pega
Mesmo pesado carrega
Para estocar, diligente.
FORMIGA quando não está
Levando fardo pesado
Para engordar o estoque
Do seu almoxarifado
Ou está limpando a asa
Ou reconstruindo a casa
Só ninguém fica é parado.
FORMIGA trabalha duro
Com alegria e prazer
Por isso no formigueiro
Jamais falta o “de comer”
Diferente da CIGARRA
Que leva a vida na farra
Depois se dana a sofrer.
Lembra daquela CIGARRA
Que a FORMIGA saudou?
Pois, um dia quando a fome
Em sua porta chegou
Ao se lembrar da amiga
Foi pedir pão a FORMIGA
Que lhe deu pão, mas falou:
- Você amiga CIGARRA
Levou a vida cantando
Enquanto tenho vivido
Dia e noite trabalhando,
Se hoje falta pão aos teus
Para mim e para os meus
Tem pão na mesa sobrando.
Trabalhe e economize,
Estude muito e não faça
Corpo mole, pois na vida.
Só vence quem tiver raça
E não se entrete cantando
Pra depois ficar chorando
Quando o trem da sorte passa.
Quem trabalha a sorte ajuda,
Mas nem carece ajudar,
Basta trabalhar e ter
Parcimônia no gastar,
Quem age assim vive bem
E pode servir também
Ao irmão que precisar.
Eis o final da historia
Da CIGARRA e da FORMIGA,
Como falei no começo
Esta história é muito antiga,
Mas permanece atual
Porque preguiça é um mal
Que a muita gente castiga.