A CARTA DO PISTOLEIRO MAINHA À SOCIEDADE

Ivaldo Fernandes
revista de cordel A CARTA DO PISTOLEIRO MAINHA  À SOCIEDADE


Eu escrevi um folheto
De grande repercussão
A respeito de Mainha
E sobre a sua prisão
Cujo folheto atingiu
A sua quinta edição.

Por causa disso Mainha
Me mandou uma mensagem
E nela naturalmente
Salvaguarda sua imagem
Dizendo que não é rico
A custa de pistolagem.

Eu recebi a mensagem
Enviada por Mainha
E garanto aos meus leitores
Que não é invenção minha
Porque eu sou um poeta
Que nunca fugiu da linha.

O recado que transcrevo
Só mudei mesmo o estilo
Pois eu transformei em versos
Sem guardar nenhum sigilo
Transcrevo o que me foi dito
Portanto eu fico tranquilo.

Ao tomar conhecimento
Do que andei escrevendo
O detento com razão
Escreveu se defendendo
Me enviando a mensagem
Que assim começo dizendo:

-"As duas grandes famílias
Com muito orgulho pertenço
Aos Maias pelo meu pai
Que sempre teve bom senso
Da mamãe herdei Diógenes
Que tem um padrão imenso.

Muitos pensam que eu sou
Um terrível pistoleiro
Um sujeito endiabrado
Perverso e arruaceiro
Pensam que eu sou também
Um filho de cangaceiro.

A mente do nosso povo
Muitas vezes é enganada
Com especialidade
Quando é mal informada
E a vítima com as notícias
É a mais prejudicada.

Eu nunca fui pistoleiro
A todos posso provar
Se matei foi por vingança
Assunto particular
Pistoleiro que eu saiba
É pago para matar.

Se eu fosse perigoso
Não teria sido preso
Pois cabra desta maneira
Tem o olhar bem aceso
Tem ouvidos de tiú
Ninguém o pega indefeso.

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