No Reino da Pedra Fina
havia uma princesa
misteriosa encantada
uma obra da natureza
com ela duas irmãs
que eram a flor da beleza
Naquela linda princesa
só era em que se falava
nesse lugar também tinha
um pobre que trabalhava
com três filhos no roçado
com isso se sustentava
Chamava-se os três meninos
João, "Antonio e José
José que era o caçula
do tamanho dum bebê
a sua mãe lhe estimava
nunca deu-lhe um cafuné
Disse o marido a mulher,
vou trabalhar no roçado
os meninos também vão
pra ajudar-me doutro lado
você cá mate um franguinho
apronte-o, leve-o guisado
Estando o velho cansado
com os filhos a trabalhar
às duas horas da tarde
diz ele: vou descansar
meus filhos, tenham paciência
não tarda mamãe chegar
Pegou Antônio à brincar
fazendo riscos no chão
dizendo: estou com vontade
de comer muito feijão
misturadinho com bredo
acho melhor do que pão
Ai respondeu João:
eu desejava Comer
muita banana com casca
até a barriga encher...
ambos mandaram José
dar também seu parecer
De modo misterioso
respondeu o Cazuzinha:
o que tenho no pensamento
nenhum dos dois adivinha
então será um segredo
ou do rei ou da rainha.
Disso José: eu descubro
creio que não me crimina
não é pra mim nem vocês
é pra quem Deus determina
eu queria ver as pernas
das moças da Pedra Fina
“Oh! atrevido menino!
(respondeu o pai deitado)
e levantou-se dizendo:
cachorro, bruto, safado
não respeitas as princesas
queres morrer enforcado?!
Levantou-se o velho irado
dizendo por este jeito:
você inda acha pouco
“os males que tem me feito?
pois nós todos iremos
sofrer pelo teu respeito!
Aí deu umas lapadas
no seu caçula Zezinho
nisso foi chegando a velha
que já vinha no caminho
--Meu velho pra que fez isso”?
para que deu no bichinho?
--Porque foi muito atrevido
minha velha Umbelina
ele boliu com pessoas
tão altas que nos domina
desejando ver as pernas
das moças da Pedra Fina
--Se elas souberem disso
nos mandariam chamar
nos metiam na prisão
mandavam ele matar
eu só dei essas lapadas
para o exemplo ficar
Aí a velha zangou-se
começou logo a chorar
--Vamos pra casa,meu filho
para seu paí não lhe dar
inda a princesa sabendo
não lhe manda degolar
José sempre se lembrava
do que o pai tinha feito
dizendo que a família
sofria por seu respeito
saiu vagando no mando
o qual por Deus foi aceito
Esse inocente menino
saiu, só levou um pão
não tinha 1 vintém no bolso.
só quis do pai o perdão
da sua cara mãezinha
a sua santa benção
A mãe partida de pena
abençoou o menino
vendo o filho tão pequeno
sair como um peregrino;
--Rogo a Deus como bom pai
que vele por teu destino
O Cazuzinha era novo
porém era destemido
já fazia mais de mês '
que ela tinha saído.
chegou na beira dum rio
medonho e desconhecido
Ficou com bastante medo
no atravessar do rio
só ouvia urros das feras
no pé dum monte sombrio
porém tinha pouca água
por ser tempo de estio
Ele atravessou o rio
quando em terra pisou
sentiu que estava com sede
água no chapéu tirou
no chapéu veio uma pedra
que muito lhe admirou
Era um brilhante encantado
mas ele não conhecia
julgando não ter valor
pouca importância fazia
depois guardou-o no bolso
e pensou no que faria
Saiu por ali afora
quando foi no outro dia
entrou num grande reinado
que ele não conhecia
sem ter um vintém no bolso
tomou uma hospedaria
O rapaz aperreado
já vendo a hora sofrer
tirou a pedra do bolso
começou a oferecer
dizendo: quem quer comprar?
eu tenho para vender
José muito aperreado
sem jeito com que passar
deu a pedra a um lojista
perguntando: quer comprar”? .
respondeu: é um brilhante
eu não O posso pagar .
-- Em todo este reinado
(lhe respondeu o caixeiro)
o senhor vá procurando
até pelo estrangeiro
para comprar esta pedra
bem poucos terão dinheiro
Disse também o logista;
esta jóia é um primor
só quem a pode comprar
é o nosso imperador
só ele terá dinheiro
com que pague seu valor
O rapaz saiu pra rua
com a tal pedra na mão
assim que o rei a viu
ficou com tanta ambição
mandou chamar a rapaz
comprou-a por um milhão
Deu-lho mais um palácio
e o posto de capitão
pelo seu merecimento
todos lhe davam atenção
era um estrangeiro nobre
filho de outra nação
Na corte tinha um barbeiro
que no reinado vivia
também era conselheiro
em tudo se Intrometia
disse lego a todo mundo
que a pedra o rei possuía
O rei mandou colocar
a pedra em sua corôa
como era um brilhante
duma espécie muito boa
servia de ornamento
pra sua nobre pessoa
O barbeiro quando viu
disse muito admirado:
isso só ficava bem
tendo outra em cada lado
tendo mais uma na frente
fica o rei mais respeitado
Lhe disse o Imperador:
aonde eu vou encontrar
outra pedra come esta?
é asneira procurar;
--O moço que a vendeu
é quem pode lha arranjar
--Rei senhor mande chamar
ele não dirá que tem,
lhe mostre pena de morte
veja se a pedra não vem
pois ele não há de tê-la
só rei senhor, mais ninguém,
--Sim senhor, está muito bem:
mandou logo procurar
dali saiu o barbeiro
ver se podia encontrar
quando encontrou foi dizendo:
rei senhor manda chamar
Veio o moço e o barbeiro
para a presença do rei
lhe disse o imperador:
sabes pra que te chamei?
porque preciso outra pedra
igual a que te comprei
Disse o rapaz ao rei:
outra não posto arranjar
ainda eu tendo dinheiro
não tenho aonde comprar
eu achei esta no rio
porém sem nunca esperar
--O senhor vá ver a pedra
me a traga sem porfia
e exija o que quiser
não regateie a quantia
porém chegando sem ela
morrerá no mesmo dia
Saiu José muito triste
pensando de qual maneira
poderia se livrar
dessa cena traiçoeira
foi sair no mesmo rio
aonde achou a primeira
Foi pelo mesmo lugar
aonde tinha passado
seguiu pelo rio adentro
procurando com cuidado
uma pedra que igualasse
a que ficou no reinado
Ele já estava cansado
de por ali procurar
bebeu água sem ter sede
nada de poder encontrar
desenganado da vida
pegou sozinho a falar
Dizia ele consigo:
eu sei que vou morrer
essa pedra que procuro
é Impossível obter
me acabo aqui afogado
não dou gosto ao rei me ver
José pegou a ouvir
uma cousa que estrondava
chegando ao pé-da serra
inda mais intimidava
de repente viu um fogo
que perto dele brilhava
De repente aquele fogo
transformou-se num leão
brigando com uma serpente
troando que só trovão
saia fogo dos dentes
de faiscar pelo chão
José nem pôde falar
vendo aquela tempestade
o leão falou pra ele
pedindo por caridade:
mata-me esta serpente
que dou-te a felicidade
Respondeu sem ter maldade
a serpente: criatura
matas o leão que dou-te
o que tu andas À procura
depois te farei feliz
que sou uma virgem pura
Ele atirou no leão
aquela fera valente
com um tiro bem certeiro
morreu instantaneamente
morto que fosse o leão
desencantava a serpente
Era uma moça encantada
uma excelente menina
“a origem do encanto
foi para cumprir a sina
era essa a tal princesa
do Reino da Pedra Fina
Ele com ela abismou-se
somente pela beleza.
perguntou-lhe: quem sois vós?
disse ela: A princesa
do Reino da Pedra Fina
que venho em tua defesa
Dali salu a princesa
com José acompanhando
desceram de rio abaixo
ambos juntos conversando
no lugar que procurava
ela parou lhe falando;
--Se teu ferro está cortando
anda cá vem me ferir
corta este dedo ao meio;
mas ele não quis ouvir
disse ela: corta logo
que o sangue vem te servir
José sem querer cortar
julgando ser uma asneira
mas quando cortou-lhe o dedo
corria o sangue em biqueira
do sangue saíram 3 pedras
do formato da primeira
Disse a ele: está aí
o que você procurava
esteve aqui há pouco
procurando e não achava
porque estava brigando
e o leão me arranhava
Daí foram para casa
que o rei tinha lhe dado.
ia em companhia dela
porém muito embelezado
pela sua formosura
esqueceu-se do mandado
Passando mais alguns dias
a princesa lhe falava:
José, val levar a pedra;
o rei há tempo esperava
José respondeu a ela:
eu disso não me lembrava
Ele aí pegou a pedra
foi levar ao rei senhor
que gratificou a ele
com dois tantos do valor
e lhe fez mais um presente
de um titulo superior
O rei disse assim a éle
quando entregou o dinheiro:
como eu te considero
inda mais que um conselheiro
vou mandar-te fazer a barba
pelo meu próprio barbeiro
No palácio de José
quando o barbeiro chegou
entrou respeitosamente
dizendo o cumprimentou:
vim fazer o vossa barba
que o monarca mandou
Estava fazendo a barba
quando a princesa sorriu
o barbeiro admirou-se
da formosura que viu
assim que findou a barba
no mesmo instante saiu
Quando chegou no salão
foi dizendo: rei senhor
Agora vi uma moça
mais linda que uma flor
na casa do coronel
pra mim tem todo valor
- Rei meu senhor se apronte
não perca esta ocasião
vá no palácio dele
o preste bem atenção
pois a moça que vi lá
faz render um coração
O rei mandou vir um carro
e perguntou: como é?
você me diz essas coisas
porém eu não tenho fé;
à tarde foi passear
onde morava José
Passando o carro por baixo
avistou logo a princesa
debruçada na janela
em traje de camponesa
deu um ataque e caiu
quando viu a boniteza
Ai pegaram o rei
pensando que ele morria
deram-lhe medicamento
porém ele não bebia
levaram éle pra corte
foi tornar no outro dia
No outro dia o barbeiro
foi ao rei aconselhar
dizendo: não desanime
eu tenho jeito pra dar
tenha mais perseverança
que o senhor vem a gozar
Disse o barbeiro ao rei:
o moço, seu coronel
talvez com essa invenção
nos caia a sopa no mel
mande éle no reinado
das laranjas de Babel
--Diga que a sua esposa -
desejou muito comer
uma laranja de lá -
para o filho não perder
está grávida a seis meses
vive em tempo de morrer
O rei tomou o conselho
mandou logo o chamar
por esse mesmo barbeiro
que o recado foi dar
disse a José: apareça
que o rei quer lhe talar
--Uma laranja mimosa
quero que vá me buscar
no reino das Laranjeiras
pra com 10 dias chegar
se não fizer o que digo
eu o mando degolar
O pobre banhado em pranto
chorando em casa chegou
a princesa comovida
depressa lhe perguntou:
o que foi isso, José?
--Foi o rei que me mandou...
O rei disse que ou fosse
uma laranja buscar
no Reino da Laranjeira
como é que posso acertar”
se não chegar em 3 dias
ele manda me matar
--Não tenhas medo, José
descansa para jantar
enquanto eu existir
algum remédio hei de dá
vou te arranjar um cavalo
que tu possa viajar
Pegou ela a ensinar
como devia fazer
dizendo: pelas três horas
você Irá receber
de um moleque um cavalo
que vem lhe oferecer
Ele compreendeu tudo
foi para o ponto esperar
com pouco viu um moleque
em um cavalo a saltar
multo gordo e bem selado.
capaz de um homem montar
Dizendo. quem quer comprar
por cinco contos de réis
um cavalo muito gordo
calçado de mãos é pés?
disse José compro eu
tu pedes cinco, eu dou dez
José pagou ao moleque
aquela grande quantia
porém todo privilégio
o cavalo possuía
o mesmo estava arreado
da forma que éle queria
A princesa chamou ele
tornou a recomendar
daqui lá só são mil léguas
numa hora hás de chegar .
porém este teu cavalo
não é preciso açoitar
--Basta que de hora em hora
você dê-lhe uma lapada
corra, logo à toda pressa
não se importe com nada
porém quando chegar lá
encontra a porta fechada
Fique ali bem escondido
pra ninguém o perseguir
quando bater meia-noite
o portão há de se abrir
entra sem fazer zuada
para ninguém não ouvir
Dentro tem leões e lobos
urso e camelo urrando
cobra e serpentes assanhadas
leão, leoa rosnando
pantera e porco do mato
sobre as laranjas avançando
--Não se importe com nada
porque assim determina
quando entrar vá chamando
ah! laranja tangerina
me acompanhe a um chamado
do Reino da Pedra Fina
José chamou a laranja
ela veio, ele levou-a
fez como a princesa disse
não deu passada à toa.
montando no seu cavalo
corria como quem voa
José dizendo as palavras
todo bicho se mordia
para tomar a laranja
um puxava, outro queria
José arribou com ela
já acabou-se a porfia
Correu com essa laranja
os bichos atrás pra tomar
numa grande violência
viu-se o portão se fechar
nem a cauda do cavalo
eles puderam pegar
Não é preciso saber
quanto o cavalo corria
nem uma ave rapina
a favor da ventania
basta dizer que tirava
Umas cem léguas por dia
José que vinha contente
Com a laranja na mão
entregou ela a princesa
ela prestou atenção
disse José: veja bem
a laranja é esta ou não?
Diz ela: vou te mostrar
o poder da natureza:
pegou, partiu a laranja
em cima de uma mesa
saiu de dentro uma moça
mais linda que a princesa
Disse a princesa a José:
esta é a minha irmã
que um leão carregou
um dia pela manhã;
depois juntou as bandas
e a laranja ficou sã
Chamava-se ela Romana
O Corpo um pouco delgado
olhos pretos muito vivos
nariz bastante afilado
dentes alvos, boca linda
rosto bem feito e corado
Elas ficaram falando
em tudo que se passou
que o rei queria a laranja
como de fato chegou
José foi levar no dia
que o tempo completou
O rei ficou satisfeito
e lhe deu muito dinheiro
deu-lhe mais uma medalha
com honra de brigadeiro
depois tirou-lhe também
para ser seu conselheiro
José foi com o barbeiro
esse voltou na carreira
dizendo ao rei: vi agora
outra moça verdadeira
tá na casa de José
mais Linda que a primeira
Disse o barbeiro ao rei:
todas elas são donzelas
eu nunca vi neste mundo
duas figuras tão belas .
rei meu senhor faça tudo
pra gozar todas elas
--Ainda temos um jeito
rei senhor mando chamar
José para ir ao reinado
das Limeiras de Tupar
ele indo essa viagem
nunca mais há de voltar
José partiu para a corte
fingindo ter paciência
para acudir o chamado
que vinha com muita urgência
cumprimentou os vassalos
cheio de benevolência
Disse o monarca: José
esta vez é a terceira
para buscar-me uma lima
no Reinado da Limeira
já que tivesse coragem
de voltar da Laranjeira
Disse a princesa: José
eu hei de lhe proteger
preste-me bem atenção
repare o que vou dizer;
ensinou tudo a José
como devia fazer
Saiu ele à toda pressa
correndo por uma estrada
saiu de casa ao meio-dia
foi chegar de madrugada
achou o portão fechado
esperou pela entrada
Chegou ouviu o sussurro
de muitos bichos que havia
ele morrendo de medo
porém não se remexia
até o próprio cavalo:
de medo também tremia
Quando batia seis horas
ia o portão se abrindo
ele entrou e foi vendo
feras de dentes rangindo
debaixo da tal limeira
tinha um leão dormindo
Ele entrou e foi chamando
pela lima camponesa.
eu venho aqui te buscar
obrigando a natureza
preciso que não me faltes
ao chamado da princesa
José agarrou a lima
com uma mão segurou
as feras partiram em cima
porém José se livrou
quando tava chegando perto
ai o portão se fechou
Como éle correu com medo
não podia ter demora
chegando, entregou a lima
na mão de sua senhora
disse ela: eu quero ver
o que vão inventar agora
No reinado tinha uma
do Reino das Laranjeiras
depois chegou a caçula
do Reinado das limeiras
era a caçula, a mais linda
do que as duas primeiras
A lima ficou partida
ela com jeito fechou
não tinha nenhum defeito
a José ela entregou
depois que findou o prazo
foi que José a levou
O rei recebeu a lima
foi tratando de pagar
deu tanto dinheiro a ele
que não tinha onde levar
o barbeiro foi com ele
pra seu cabelo cortar
Chegou junto com José
o barbeiro conhecido
quando viu as 3 princesas
foi correndo esbaforido
e sem poder dizer nada
do que tinha acontecido
Disse ele: rei senhor
eu lhe digo com franqueza
fui à casa do José
e lá vi outra princesa
que aquela só sendo feita
pela mão da Natureza
Pra rei senhor gozar elas
outro conselho vos dou
manda José no inferno
dizendo que precisou
de saber noticia certa
do finado seu avó
--Rei meu senhor mande logo
fazer um grande alçapão
dizendo: é este o cominho
vai por debaixo do chão
quando entrar feche a porta
morrerá sem remissão
Mandaram chamar José
ele depressa chegou
-- quero que vá no inferno;
o monarca assim falou
para levar um ofício
o finado meu avô
--Traga noticia de lá
e volte pra me dizer
fato que estou lhe dizendo
o senhor tem que fazer,
volta José soluçando
na certeza de morrer
A princesa disse a ele:
o rei faça o que quiser
eles agora vão ver
a força duma mulher
ninguém judia contigo
enquanto eu vida tiver
--Levas estas duas pedras
ocultas na tua mão
elas num lugar escuro
te servem de lampião
já tu fazes um discurso
na porta do alçapão
--Nesta hora por ali
fica tudo admirado
trouxe as pedras da mão
e dás um pulo de lado
o fogo que sai das pedras
deixa tudo encandeado
José compreendeu tudo
aprontou-se pra sair
tomado o rei deu um ofício
pegou ele a discutir
Pulou dentro saiu fora
sem ninguém o pressentir
Todos disseram: aquele
nunca mais há de voltar
que só do pulo que deu
viu-se o fogo brilhar
labarêdas do inferno
na porta veio encontrar
José no mesmo momento
pra sua casa voltou
chegando mais que depressa
em um quarto se trancou
a mulher pegou a roupa
no fumeiro desprezou
Todo dia ela queimava
muito enxofre no lumeiro
porém sempre às escondidas
fazia multo ligeiro
assim foi continuando
completou um ano inteiro
José como quem está preso
seu cabelo não cortava
não lavava pés nem mãos
as unha nunca aparava
um banho nunca tomou
nem nunca se barbeava
Vou dizer o que dizia
o rei com o seu barbeiro
que montava no seu carro
na roupa só tinha cheiro
iam visitar as moças
só chegavam ao terreiro
No palácio de José
quando o rei ali estava
a princesa na janela
mas nem o cumprimentava
e o rei subia a calçada
o palácio se fechava
O rei andava de novo
começava a rodear
ela deixava janela
procurava outro lugar
depois se desenganou
e não quis mais passear
Vamos tratar de José
de qual forma se arranjou
lhe disse 3 princesa um dia
eu vou ver que jeito deu
para o barbeiro passar
pelo que você passou
Quis a princesa vingar-se
do que o barbeiro fazia
escreveu sua resposta
com grande aristocracia
com letras feias a gregas
que só o diabo sabia
Dizendo: meu caro neto
eu aqui estou sossegado
fiquei ciente de tudo
que me foi participado
pelo mesmo portador
lhe comunico o passado
Eu aqui sou um guerreiro
e não me sujeito a ninguém
mande sem falta o barbeiro
que agora aqui não tem
para cortar meu cabelo
e minha barba também
Vinha na carta dizendo:
às tuas ordens estou;
manda cá o teu barbeiro
bom sabes que lá não vou;
aceita mil saudações
do finado teu avô
Aí José se vestiu
com a roupa defumada
fedendo muito a enxofre
a espada enferrujada
com os cabelos de monge
a barba toda assanhada
Botou a carta no bolso
no mesmo Instante levou
antes de chegar na corte
ele um praça encontrou
sendo ele um general
e o praça não se importou
Ele repeliu o praça
com muita benevolência
dizendo: sou general
conheço a jurisprudência
vá mudar de roupa nova
pra me fazer continência
José entrou no palácio
foi logo avistando o rei
que de longe perguntou-lhe:
quem és que até me espantei.
sou o general da carta
que do Inferno cheguei
--Ontem cheguei da viagem
seu avó mandou um oficio
receba, está ele aqui
pra trazer fiz sacrifício
eu não fui mal na viagem
porque lá vi um patrício
Quando ele leu o oficio
pelo assunto primeiro
viu logo que seu avô
mandou chamar o barbeiro
disse o rei; vá se aprontar
pra ir no mesmo roteiro
--É pra seguir amanha
não deixe mais demorar
meu avó manda chamá-lo
e eu não posso negar
é para fazer-lhe a barba
o seu cabelo cortar
Disse ele: sigo já
como o general seguiu;
fez também o seu discurso
quando o alçapão se abriu
ele, navalha e tesoura
no grande abismo caiu
Ele morreu de repente
daquela morte fatal
ficou José descansado
de quem lhe fez tanto mal
depois morreu sempre o rei
e ficou o general
José que era o rei
de toda aquela nação
a princesa disse a ele:
teu pai está na prisão
tua mãe também está presa
junto com os teus irmãos
--Por isso é bom sair cedo
vai para aquele lugar
espera pelo teu povo
que ele tem que passar
e os toma dos soldados
quero com eles falar
José foi para o ponto
com pouco avistou seu pal.
sua mãe e seus irmãos
dando suspiros e ai
disse ele às praças: este povo
daqui pre adiante não vai
Os soldados responderam:
vão todos aí processados
os levamos ao juiz
para serem interrogados,
respondeu José com raiva:
dêem meia-volta, soldados!
José levou todos eles
e entregou a princesa
ela foi cortou-lhes as cordas
sentou-se numa marquesa
ficaram todos com medo
quando chegaram na mesa
Disse à velha: com certeza
vós todos ramos morrer.
pois o rei não se ocupa
benefício nos fazer;
disse o velho: e é na forca
pegaram a se maldizer
Botaram jantar pra eles
para Antonio feijão com brêdo
pra João banana com casca
ficaram todos com medo
a velha disse consigo:
está descoberto o segredo
A princesa disse a eles:
Vejo todos amedrontados
minha velha sente-se aqui
me conte todo passado
se não disser morre tudo
de um por um degolado
--A senhora me responda
quantos filhos Já tem tido?
--Só tenho Antonio e joão
outros que já tem morrido
--A senhora não tem outro
que anda no mundo perdido”
--Conte a história direito
não é preciso negar
quede José, seu caçula?
deve ainda se lembrar;
disse a velha: essa história
eu não preciso contar
A velha morta de medo
sempre lhe fez o pedido
dizendo; eu tive José
meu caçula tão querido
fazem dez anos que ele
anda no mundo perdido
--Ele era inteligente
não sei se era por sina
pois desejou ver as pernas
das moças da Pedra Fina
meu marido teve medo
foi com ele a disciplina
Disse a princesa: o menino
apanhar não merecia
Se por acaso a senhora
visse ele conhecia?
lhe disse a velha: conheço
em qualquer hora do dia
Ela perguntou à velha
porém lhe mostrando agrado:
a senhora conhece aquele
que se acha ali sentado”
lhe disse a velha, é o rei
que governa este reinado
José não aguentou mais
partido de comoção
abraçou-se com à velha
chorando pediu perdão
ajoelhou-se aos pés dela
para tomar-lhe a benção
José abraçou a todos
como era bom irmão .
casou Antonio com Romana
a caçula com João
foram viver no reinado
na mais perfeita união
Portanto, devemos ter
o pensamento adiantado
José, um menino pobre.
trabalhando no roçado
desejou ver a princesa
por isso foi castigado
Viveram todos felizes
gozando mil maravilhas
sé como uma estrela
que no firmamento brilha
mostrou que ele sozinho
felicitou a família