A Filha do Pescador - Versos de Cordel

Ivaldo Fernandes
revista de cordel A Filha do Pescador.


AMON era um pescador 
que na Palestina havia 
tinha como profissão 
a caça e a pescaria 
passava a noite no mar 
nos montes, parte do dia.

Ele era um pescador 
pelas onças respeitado, 
os tigres corriam dele 
o lobo torcia a um lado 
onde ouviam o grito dele 
ficava tudo assombrado.

Amon pescando uma noite 
apareceu um pampeiro 
ficaram as ares cobertos 
por um grosso nevoeiro 
agitou-se o oceano
pôs-se o mar em desespero.

Amon, um pescador sabido 
conhecendo bem o mar 
viu que seria impossivel 
naquela noite pescar 
resolveu voltar à terra 
até o tempo acalmar

Porém ao chegar na praia 
a tempestade aumentou 
a chuva ainda mais caía 
o nevoeiro engrossou 
o perigo foi tão grande 
que Amon ali recuou.

Uns pingos demasiados 
de grossas nuvens caiam 
o vento soprava forte 
os arvoredos rangiam 
os relâmpagos faiscavam 
cerdas de fogo desciam.

Os trovões estremeciam 
a praia e as cordilheiras 
dos córregos transbordavam 
águas turvas e ligeiras 
metendo medo a zuada 
das águas nas cachoeiras.

Amon envolto na capa 
estava a esperar
que a tempestade acalmasse 
que ele pudesse ir ao mar 
ou quando nada pudesse 
à sua casa voltar.

Olhando a corrente d'água 
que encobria o baixio 
cada vez mais aumentando 
a grande força do frio 
ouviu o choro dum menino 
como se fosse no rio.

Amon quando ouviu chorar 
quase perdendo a razão 
veio logo à sua ideia
ser aquilo uma visão 
depois pensou que podia 
ser também uma ilusão.

O choro continuava 
então disse o pescador: 
neste sitio há uma coisa 
agora seja o que for 
se fosse coisa inventada 
vinha com grande pavor.
 
Prestava grande atenção 
olhando para o baixio 
atinava o choro a ser 
na correnteza do rio 
mas um menino acolá 
não escapava do frio.

Depois se desenganou 
de onde o choro saia 
viu um pequeno volume 
que pelas águas descia 
divulgando bem um berço 
que a correnteza trazia.

E conheceu que no berço 
chorava uma criancinha 
que naquela grande enchente 
bolando nas águas vinha 
devia ser algum pobre 
que um só protetor não tinha.
 
O pescador como barco 
que no abismo se lança 
e desprezando o perigo 
foi com tal perseverança 
que alcançou de um pulo. 
o berço com a criança.


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